Postais Barrô

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25/09/2007

AO GRANDE AVÔ CARDOSO

Fez agora 27 anos que faleceu o meu querido amigo avô Cardoso. Só Deus e ele sabem quanto o admirava. A sua sabedoria, a sua lealdade, o seu amor a Barrô, o seu espirito comunitário são ainda hoja as minhas grandes referências! Que Deus o guarde e que me continue a dar força. Aqui vai a minha homenagem:
ANTÓNIO DA CUNHA CARDOSO

Primogénito de uma família de oito irmãos – os Cardosos – filhos de Anacleto José Cardoso e D. Emília de Oliveira, nasceu em 2 de Novembro de 1899 e casou com D. Margarida Rodrigues da Con-ceição em 28 de Abril de 1926 . Faleceu em 22 de Setembro de 1980.
Foi pai de Fernando e Jaime Cunha da Conceição Cardoso e de Maria Lisete, Maria Augusta e Maria da Glória da Conceição Cardoso.
Excelente conversador, era um homem jovial e honesto, tendo exercido, com competência, as profissões de alfaiate e barbeiro, com mais gosto por esta última que era a que lhe proporcionava mais contactos.
Talvez esta preferência se justificasse pelos encontros, aos sábados e domingos, com a avençada clientela que à sua barbearia se dirigia para o corte de cabelo ou da barba. Aí falava-se de tudo, ou não fossem, e ainda sejam, as barbearias publicamente reconhecidas como locais onde os homens “desenferrujavam a língua”. Trocavam-se impressões sobre os trabalhos agrícolas, sobretudo a oportunidade das sementeiras, podas, empas, cavas, colheitas cerealíferas, vindimas e trabalhos da adega, etc., ou as coisas públicas da terra, das suas carências, do mau estado dos caminhos e do martírio que era transitar por ele, nos seus afazeres quotidianos.
Aproveitavam também para atirar uns ditotes uns aos outros, sobre os mais variados temas, o que provocava grandes risotas.
Era um ponto de encontro de agrado geral.
Contador de histórias e anedotas, tinha sempre uma apropriada para cada ocasião.
Apaixonado pelo teatro, foi actor amador brilhante e ensaiador de muitas peças teatrais realizadas, ao tempo, em alpendres, sobre palcos improvisados ou na via pública – os entremeses –, onde sobressaiu, entre muitas, a obra “Um Erro Judicial”, cujo êxito foi retumbante.
Presidente e membro, em vários mandatos, da Junta de Freguesia; depositário da caixa do correio; correspondente local dos jornais “O Século” e “Diário de Notícias”; componente de vários Julgados de Paz, que nessa época existiam para resolver os conflitos entra as pessoas pela via do diálogo e concertação; foram alguns cargos que exerceu em prol da freguesia.
Mas não pode ficar sem relevo especial, o seu contributo no combate ao analfabetismo, com a colaboração que deu nos cursos de instrução de adultos, ao tempo instituídos.
A sua honestidade e rectidão, fez dele um homem considerado e respeitado em toda a freguesia, a ponto de, muitas vezes, ser procurado por industriais importantes desta terra para zelar pelas suas empresas, nas ausências a que eram forçados por via da gestão dos negócios.
in Barrô ao longo dos tempos

4 comentários:

Blimunda disse...

Os meus avós não foram tão ilustres como o teu, mas nem por isso o meu orgulho neles é menor!

Há quem defenda que o passado e o futuro não existem, sendo que o passado são memórias e o futuro projecções.

Eu não partilho dessa filosofia de vida, senão vejamos: o futuro pode de facto não vir a acontecer, mas acontecendo depende daquilo que é o presente. No entanto, sem dúvida alguma, que nunca existiria presente se não tivesse existido passado.

Bem hajam avós por terem sabido sê-lo!

Mofina disse...

O avô Cardoso era um velhinho lindo e todo branco, mesmo com cara e feitio de avô. Sabia mil e uma estórias e contava-as aos oito netos que se deliciavam de as ouvir, apesar de muito repetidas.

Era uma pessoa extremamente lúcida e inteligente. Sempre procurou estar bem informado acerca das coisas do mundo.

O seguinte episódio é uma das lembranças que mais me diz sobre a sua personalidade e espírito científico: Quando os primeiros aviões a jacto passaram por cima da nossa aldeia, assustaram toda a gente que pensava ser o fim do mundo. Ele, tendo lido a notícia sobre o assunto, manteve-se divertido à janela a assistir ao pânico geral. Graças às suas palavras é que a população acalmou...

Que saudades!

JOKER disse...

Caro padrinho,mesmo com a minha tenra idade recordo-me perfeitamente do "Ti Cardoso" pois era-mos vizinhos e as recordações que tenho são boas ,pois era sem duvida um homem bom com as crianças e com toda a população.
Aproveito para fazer uma homenagem ao saudoso avô Eusébio.

brt disse...

O ti Cardoso,

lembro-me dele orgulhoso por ter ido a Agueda fazer os exames da primária e ter sido um dos melhores senão o melhor;

lembro-me das calças com boca de sino, em que ele perguntava se queriamos com 22 ou 27 de abertura. Ainda na sala de costura do relógio enorme ao cimo das escadas e do violino que de vez em quando tocàvamos (faziamos barulho).

lembro-me de um homem bem culto e inteligente, muito conhecedor e grande contador de histórias.

lembro-me do corte à escovinha e dos pacotes de pó de arroz que traziamos de lá e nos quais colocávamos farinha dos porcos, o pessoal a pensar que estava a levar com pó de arroz, para ir jogar o carnaval.

e lembro-me dumas engenhosas persianas que tinha junto à mesa da costura feitas de carrinhos de linha e folhas de jornal...