Postais Barrô

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30/09/2007

ALMAS PENADAS

ALMAS PENADAS, LOBIS-HOMENS E OUTROS MEDOS

O mistério sempre envolveu antigas lendas que a imaginação e crendice populares, aliadas ao medo do transcendental, se encarre-garam de pintar com as mais horríveis cores. E aí tínhamos as almas penadas que vagueavam por este mundo, porque nem o Divino nem o Demo as queriam no descanso ou no fogo do seu eterno além, quando deste vale de lágrimas se ausentaram e, por isso, atormentavam as pessoas com os barulhos nocturnos nas suas habitações, com os pesadelos sobre os seus corpos, com as visões fantasmagóricas dos seus sonhos, com toda a espécie de males e, até, para lhes arrebatar as próprias almas. Era preciso correr a mandá-las para o mar acolhado, pois aí não atormentariam mais ninguém.
Por tal motivo não admira que os nossos antepassados, encharcados por medos e mais medos que sucessivas gerações lhe foram transmitindo, acreditassem que, algumas vezes, na Cheira (entre Barrô e Paradela) aparecia uma “porca com pintos” ou uma “galinha com leitões” ou que aos carroceiros, que noite dentro se ocupavam no transporte de cal ou carboiço da Pedralva, lhes aparecessem as bruxas em danças ou outros rituais do mal, para lhes desencanteirar os rodados dos carros de eixo preso e alvoroçar os animais.
Também havia os lobis-homens que povoavam o imaginário dos que há muito nos antecederam e que eram motivo das mais fantasiosas narrações com que os mais velhos amedrontavam os jovens aos serões ou outros encontros. E não os amedrontavam por maldade, mas sim porque também eles acreditavam nisso.
Ora vejamos esta, contada por pessoa que já a tinha recebido de sua mãe e esta da sua e por aí fora…
Numa povoação das nossas redondezas, morrera um lavrador rico. Os filhos herdaram muitas propriedades e bastante dinheiro. Passados alguns meses começou a constar que a alma do falecido andava a penar à espera que os herdeiros restituíssem, a muitos a quem ele prejudicou, uma boa parte da herança que, pelos vistos, não fora amealhada licitamente.
A alma do finado, segundo a crença, encarnara em diversos animais que apareciam aos transeuntes nas gândaras ou outros locais onde houve subtracção de bens que foram de fruição pública no tempo em que o lavrador era vivo. E vai daí, logo algumas pessoas afirmaram: uma, que viu um cavalo esquelético com manchas negras vaguear tristemente pelos pinhais; outra, que se deparou com um jumento branco gordo e anafado; outra ainda, que avistou um animal de forma esquisita, parecido com um cabrito que saltava à sua frente e se sumia repentinamente por encanto.

In Barrô ao longo dos Tempos

2 comentários:

Blimunda disse...

Yo no creo en brujas pero que las hay... las hay ...

Mofina disse...

O medo que eu tinha da Rua da Igreja a partir da meia-noite! E das corujas...

Azar, nunca vi nada de interessante.