
HISTORIANDO OS PRIMEIROS NOVE ANOS DO
CENTRO CULTURAL DE BARRÔ
CENTRO CULTURAL DE BARRÔ
“Não podemos falar desta Instituição sem, primeiramente, prestar justa homenagem ao seu fundador, Pedro Henriques T. Miranda.
Na verdade, este homem de altos recursos intelectuais, inconformado com os precários meios sociais que a freguesia oferecia aos seus jovens, lembra-se um dia, exactamente em 1 de Janeiro de 1963, de criar uma colectividade a que foi dado o nome de Centro Cultural de Barrô.
Esta Associação, de carácter recreativo e cultural, visava, essencialmente, retirar os jovens dos maus vícios e estimulá-los para uma vida melhor.
Não foi tarefa fácil conseguir aquilo que tanto ansiava. Mas dadas as suas altas qualidades cívicas e de lutador, coadjudado por alguns colaboradores (Jaime Caldeira, Raúl Martins, Amaro Conceição e outros de que não nos lembramos, que formaram a primeira direcção), foi trazendo para esta casa boa parte da juventude um tanto adormecida.
Numa pequena sala sita na Rua de Cima, que alugara, e, mais tarde, numa outra que fica no topo da mesma rua, ali se instalou por largos meses. Com apenas 2 escassas dezenas de associados, as dificuldades de subsistência eram notórias. Mas, mais empréstimo dali, subsídio dacolá, lá iam vivendo. Com uma modesta televisão, uma pequena biblioteca com livros oferecidos, e outras diversões que, a muito custo, conseguem adquirir, iam-se recreando.
Dada a exiguidade desta sede, face à grande afluência de novos associados, cedo se verificou da carência de uma nova casa com melhores condições.
Reunindo uma assembleia geral, resolveu-se, por unanimidade, transportar a sede para outro edifício de melhores condições e mais central, exactamente no Largo Dr. Breda, onde, presentemente, ainda se encontra. Esta mudança foi operada em Janeiro de 1965.
Com melhores comodidades, o grande impulsionador começa a desenvolver todas as actividades previstas. É ele que forma uma secção de teatro, escutismo, música, etc, etc.. Desta casa imensas peças teatrais sairam e, algumas delas, ainda hoje são recordadas pelas gentes desta freguesia.
Já com máquina de projectar filmes, embora usada, cuja aquisição havia sido feita pelo Pedro, sem ter exigido qualquer importância adiantada, esta colectividade via-se assim mais enriquecida. Os filmes eram apresentados regularmente aos seus associados.
Depois de alguns anos de actividade, sempre superiormente conduzido, vê-se o C. C. B. privado do seu fundador, resolvendo este, em 1967, consciente da missão cumprida, enveredar por uma nova vida, indo radicar-se na África do Sul, onde se encontra presentemente.
Com o rude golpe da sua falta, a extinção desta tão meritória como necessária colectividade esteve iminente. Os débitos que a mesma tinha contraído, nomeadamente com a máquina de projectar, para a qual pouca ou nenhuma importância havia sido dada, eram, para além daquele factor, os motivos que mais pesavam.
Expondo em Assembleia Geral as suas pretensões, o presidente vê por parte dos associados uma firme vontade de continuar. E são eles que, voluntariamente, emprestam das suas economias para liquidação dos débitos mais prementes. Forma-se uma nova direcção de rapazes válidos e, assim, o grande fundador não deixa o seu trabalho de tanto tempo em mãos alheias.
Bons continuadores desta associação, os jovens que ainda hoje regem os destinos do Centro, têm dado grande incremento às diversas actividades que este mantém, além de terem, com a sua profícua acção, enriquecido o património da colectividade com uma máquina de café, frigorífico, televisão, ping-pong, discoteca, gira-discos e outros jogos culturais.
Possuem na sua sede uma sala para os espectadores, seus associados, assistirem aos programas de televisão e outras festas; uma sala de reuniões e palestras; uma sala de jogos e um bar com auto-serviço e aqui é de realçar o espírito cívico dos utentes do bar, pois que, servindo-se a si próprios, não se esquecem de pagar as despesas feitas de acordo com a tabela exposta, mostrando assim uma honestidade a toda a prova, adquirida, em muitos deles, no ambiente são do Centro.
Mantém secções de teatro, futebol, música e outras actividades culturais. A sua equipa de futebol tem dado a Barrô tardes de verdadeira glória, o que está atestado pelas taças expostas na sua sede.
Mas, nem tudo no Centro têm sido rosas, também houve os espinhos e estes eram lançados, em princípio, por pessoas de má formação que tudo fizeram para que esta obra da juventude não vingasse. No entanto, e devido ao carinho que a esta foram dispensando as individualidades da terra, aquelas, paulatinamente, foram-se convencendo da utilidade da obra, que actualmente conta com o apoio de todos, inclusivamente das entidades oficiais. A confirmar a nossa afirmação está o facto de o Senhor Governador Civil do distrito, numa recente visita particular a esta terra ter oferecido à instituição, a importância de 10 000$00.
A Junta de Freguesia local, lavrou em acta, a cedência gratuita do salão da sua sede, para dois espectáculos mensais, que porventura o Centro queira exibir; as pessoas de prestígio da terra, honram esta colectividade, com as suas dádivas e com a sua presença e estimulo, além de serem seus associados. Enfim, é esta casa uma porta aberta a todos os jovens e adultos que queiram viver num ambiente são, as suas horas de ócio.
Actualmente o Centro conta com cerca de uma centena de associados, que pagam uma quota mensal de 10$00. Não serão muitos, mas são dos bons.
Quanto a perspectivas para o futuro, tem a direcção já assegurada a compra de um projector de filmes de 18 mm, cujo custo ascende a mais de 20 000$00. Este projector vem substituir o antigo, de que atrás falámos.
Propõe-se ainda incrementar mais a sua secção de futebol com a compra de novos equipamentos e bolas, lançar uma campanha para angariação de sócios e arranjar uma sede maior, que possa servir melhor os seus associados e os fins a que se tem votado.
A sua direcção actual, que é a mesma desde 1967, é constituída por Abel Cunha dos Santos (presidente); Mário Rodrigues de Oliveira (tesoureiro) e André da Cunha Soares (secretário), além dos directores das diversas secções.”
in S. P. de 25/9/1971
10 comentários:
amigo vitor não vi qualquer comentário á secção de andebol que tanto nos deu.
Lembro-me do transporte para os jogos na carrinha do olivio aquilo era um sarrabulho,os treinos no campo de futebol(não havia outro) e tantas outras coisas que estou nenhum de nós vai esquecer.
J´agora ainda sabes as regras do andebol(para quem não sabe o nosso amigo vitor foi um promissor arbitro , depois deixou crescer a barriga e teve que se encostar ao computador,hi,hi,hi).
grandes tempos aqueles.
amigo sese. Como diz o titulo este documento retrata só e unicamente os primeiros 9 anos do CCB, logo não fala do andebol. Desafio-te a escreveres algo sobre isso pois há imensas estórias e história do nosso andebol!
O CCB teve muitas dificuldades na sua vida, acompanhou os tempos adaptou-se às necessidades, foi em tempos cultural, depois mais desportiva, (se calhar foi o desporto que não deixou acabar o CCB, nunca saberemos...), dentro do desporto inicalmente o Andebol, desporto que também pratiquei e de que gostei muito. Mas agora os tempos são outros neste momento temos o futsal, (tão bom como outro desporto qualquer), também estamos com o grupo de teatro e de volta a cultura. Isto para dizer a alguns criticos que dizem que o CCB já é o que era, se calhar não, se calhar está a voltar a ser tudo o que se propôs, mas o mais importante de tudo temos é que apoiar e levar o nome do CCB sempre a um patamar maior. VIVA O CCB.
É impressão minha ou a letra deste comentário custa mesmo a ler?
Não é impressão tua mofina, custa mesmo a ler, tanto pelo tamanho como pela quantidade. Ó Victor estas postagens não são para certos vardinas lerem pois não?!!! É que não estou a ver aquela malta a dispensar as suas tão ocupadas atenções à leitura de tanta letrinha!!!
ó mazona este blog não é para cascar nos vardinas não sejas raivosa.
Sesse...estás bom amigo? Que saudades!!! Confessa lá, leste tudo até ao fim? Olha que aqui também não se pode mentir...
Em futuros posts vou tentar melhorar!!
vou ser honesto.
não li tudo.
estou catita.
grande abraço para ti amiga
Não fazia a mínima ideia de como o CCB nasceu.....interessante! É bom saber que já na altura havia pessoas dinâmicas que, privando-se da sua vida pessoal, dedicavam-se com unhas e dentes a um bem comunitário.Um bem haja a essa gente!
E já agora, o q é feito desses projectores e restante material? estará a apanhar pó nalgum sotão??
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